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João
Claudino
F
Final da década de 60, meu pai, Milton Batista, foi apresentado ao Seu João Claudino como jogador de baralho, buraco
duro, juntamente com um tio, Pedro Veras, e alguns amigos e parentes, Gildasio Silva, Audir Lages. Eu, com 16 para
17anos de idade, já jogava na falta de alguém para compor a mesa. Pouco tempo depois, disputamos o primeiro
campeonato piauiense de buraco, do qual fomos campeões. Time formado por João Claudino, Milton Batista titulares,
Pedro Veras e eu como reservas. Com o passar do tempo, fomos nos aproximando mais e mais, firmando uma amizade
leal, fraterna e indissolúvel. Formei-me em medicina e passei alguns anos fora em pós-graduação, sempre sendo guiado
e orientado por meus pais e pelo amigo. Ao retornar para Teresina, a presença do amigo se fez mais viva na minha vida,
com responsabilidade direta no surgimento da Clínica COT, onde trabalho há quase 40 anos, e da minha família, no
baralho nas festas de aniversário da família e nas festas da família Claudino. Quantas festas de Natal, ano novo, Páscoa
juntos, perdemos as contas. Meu pai foi ao grande chamado, momento de muita tristeza para toda nossa família e
família Claudino. Nesta ocasião, Seu João aproximou-se mais ainda da nossa família, dando-me o privilégio do convívio
semanal, seja na mesa de baralho ou nas visitas as fazendas, outra paixão muito cultivada por ele. Durante tanto tempo de
convivência e amizade leal, tentei sempre aprender uma das suas grandes virtudes, o SILÊNCIO.
Clarindo Veras F
Faço parte do Grupo Claudino desde
M 1982, quando tive a oportunidade de
Minha primeira memória do Seu João eu ainda era menino, numa visita
ter o meu primeiro emprego formal.
ao Armazém Paraíba. Eu estava acompanhado do meu pai, quando ele
me disse: “Aquele é o Sr. João Claudino, dono do Paraíba”. Chamou-me Logo percebi que uma das principais
virtudes do Seu João era acreditar
a atenção o fato de ele estar arrumando as plateleiras da loja, com no potencial das pessoas. Só bastava
simplicidade, sem ostentação. Isso diz muito de um homem. Muito. uma conversa para ele traçar o perfil
Outra vez, eu já adulto e dirigindo um filme sobre ele (olha como o de cada um. Sempre atencioso,
mundo tem suas voltas!), acompanhei o Seu João servindo o almoço orientava e mostrava a melhor
e o jantar para nossa equipe de filmagem - quando terminávamos decisão tomar a cada desafio. Outro
as gravações. Repito: isso diz muito da inteireza de um homem. Eu diferencial era nunca nos deixar a
poderia citar aqui outros exemplos. Muitos exemplos. Todos nós temos sós diante de uma dificuldade: “É
um Seu João que nos pertence, uma memória particular, indivisível. problema? Traga para resolvermos!”,
Ele tinha essa habilidade de criar universos múltiplos e reservados. dizia ele. Mas o Seu João encontrava
Por este motivo, todos nós sentimos a sua falta de maneira coletiva e a verdadeira felicidade quando
privada ao mesmo tempo. Talvez a dor da saudade, tão somente, seja ajudava ou presenteava uma pessoa,
verdadeiramente o único sentimento em comunhão. A dor da perda é sempre de uma forma discreta
de todos. E dor não se mede, não se esgota, simplesmente existe. Uma conforme preceito bíblico. Sou grato
saudade imensa que temos que transformar, a cada dia, na continuidade pelos quase 40 anos de convivência
dos sonhos deste homem: João Claudino Fernandes. Que ele esteja com o Seu João e me sinto um
conosco na memória e nos atos - e que sustentemos a dignidade de privilegiado por tudo o que ele me
chamá-lo Nosso João. ensinou nos negócios e na vida.
Douglas Machado Espedito Sobrinho
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