Page 30 - Revista O Sucesso (516)
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Conversando sobre
                             Seu João


                  “Eu lembro de Seu João





                  sempre como esse homem




                  extraordinário”







                  Douglas Machado                   muito o raciocínio. E a gente brincava, dialogava.
                  Vocês se conhecem há muito tempo, Braz.   Coisas de brincadeira mesmo, ninguém discutia.
                  Como era o Seu João como amigo?   Naquela hora ali ninguém discutia trabalho, não
                                                    se falava em dinheiro, era uma coisa boa, um
                  Braz Quintans                     passatempo muito bom.
                  Seu João não via os defeitos dos amigos, ele
                  procurava tirar o defeito dos amigos. Amigo   Seu João sempre foi um homem ímpar, um
                  dele era amigo mesmo, amigo para valer. E   “ponto fora da curva”, como se diz.  Entrevista
                  era um privilégio ter Seu João como amigo,   Eu dizia para ele, inclusive, que eu não conhecia
                  e esse privilégio eu tive. As pessoas não têm   nenhum homem, acho que não tinha um   Braz Quintans
                  ideia de quanto o Seu João ajudava a todos, no   homem na sua condição social e econômica,
                  anonimato, ele fazia questão de que aquilo se   principalmente, que fosse de tão fácil acesso,   Técnico em Agropecuária
                  mantivesse só entre ele e a pessoa, pois ele não
                  fazia para esnobar. Ele fazia com o coração.

                  E me lembro que você me disse uma vez
                  dele sempre falar “nós”, não é mesmo?
                  Nunca usava a primeira pessoa do singular.
                  Tudo quando ele falava, a gente passava numa
                  rua e ele dizia: isso aqui é nosso, nós fizemos isso,
                  nós trouxemos um artista para fazer um show.
                  Então eu perguntei: Seu João, por que o senhor
                  não diz “é meu”, “eu fiz”? E ele me respondeu que
                  ninguém faz nada só, somos “nós”. Então, ele
                  era um sábio, Seu João era um sábio! Porque ele
                  estudou pouco e ele sabia tudo isso, aprendeu
                  tudo isso pela intuição. Então, eu, em viagens que
                  fiz a Paraíba, aqui mesmo no interior do Piauí, ao
                  Pernambuco, ao Maranhão, eu tive esse privilégio
                  de conversar, de dialogar, de perguntar.

                  E vocês jogavam baralho juntos toda
                  semana...
                  Eu devo salientar que o jogo era uma coisa lúdica,
                  não tinha aposta, não tinha nada. Era uma coisa
                  para passar tempo, se divertir e exercitar a mente,
                  porque o jogo de buraco é um jogo que exercita



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