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Conversando sobre
Seu João
“O João podia estar num
palco desses aí, mas, quando
ele descia, era o mesmo João” Entrevista
JOÃO BOSCO
Gerente de fazendas
Douglas Machado João estava se mudando. Eu encontrei tem um negócio interessante, vendo a
Como em todas as entrevistas, começamos com Dona Socorro (MARIA SOCORRO necessidade... as mercadorias que mais
perguntando sobre o primeiro encontro DE MACÊDO CLAUDINO) lá no mercado, a gente trazia eram as bicicletas. Tudo
com Seu João. Até onde sua memória vai, espontaneamente, aí falou que ele carga maneira. Colchão da Probel. E então
o senhor poderia nos dizer como foi seu estava comprando aqui, da época era eu idealizei um caminhão diferente, com
primeiro encontro com Seu João? mais fábrica fechada, né? Eu vim para cá, uma carroceria, para surpreender João
estava trabalhando. Então nós reatamos e Valdecy. Quando recebi o chacis, levei
João Bosco nossa amizade. para uma fábrica de trucks – Iderol, lá em
Foram várias vezes. Quando jovem, na Guarulhos. Eu mandei alongar o chacis
nossa adolescência, ele ia para casa de O senhor falou que encontrou com a Dona para parecer um caminhão boiadeiro, com
tia Lica encontrar com o amigo Cassimiro, Socorro e, aos poucos, foi reatando os a carroceria dele com dez metros e meio.
onde ele passou muito tempo lá. Depois laços com Seu João. Mas, quando houve a Quando cheguei aqui, eu morava ali na
ele voltou para Cajazeiras para trabalhar transição entre o trabalho que o senhor Rua Jônatas Batista, perto do Verdão, por
com os pais e com Valdecy, e eu fui estudar já desenvolvia em Teresina para o senhor ali, e de manhã cedo eu liguei para o João.
em Fortaleza algum tempo, depois trabalhar diretamente com o Seu João? Quando ele chegou, ficou surpreso com
voltei para casa dos meus pais, fui servir Veja bem, eu vivia constantemente o caminhão! Aí ele andava com aqueles
o Exército, no Rio de Janeiro, e voltei. viajando para São Paulo, fazendo compras passos dele pra lá e pra cá, olhando. “-
Depois meu pai comprou um caminhão e para o nosso depósito de calçados, e Mas rapaz, ficou muito bom”. Eu fiz essa
fiquei na estrada. Nesse período, ficamos João sempre precisava levar alguma surpresa pra ele. Quando completou mais
distante um do outro. Em 1964, eu passei coisa pra lá, e precisou também, logo em ou menos um mês, ele propôs comprar
por aqui, gostei e fiquei em Teresina. Em seguida, de transporte de mercadorias, mais dois caminhões. Eu disse que não
1968, ele veio morar aqui. Eu era parceiro lá de São Paulo pra cá. E fui apontando, tinha condições, então ele mesmo
de um amigo meu aqui na Praça da conhecia os caminhoneiros para procurar resolveu comprar.
Bandeira, nós tínhamos um depósito de a transportadora dele, depois ele disse:
calçado de borracha, eu era caminhoneiro “- João Bosco, vamos comprar mais um E o senhor ficava à disposição do Seu João?
e viajava para São Paulo para fazer caminhão pra você?” Eu disse, “João, E eu ficava à disposição de João. Quando
compras, e em uma das viagens, quando por quê”? Ele disse, naquele jeitão dele, ele chegava aqui, íamos a Pedreiras,
eu cheguei, ele disse: “- João Bosco, tem naquela humildade dele, “- Pra você a Bacabal. Uma vez ele foi comigo no
um parente seu se instalando aqui em nos ajudar, ficar direto com a gente”. Fui caminhão, dormindo, de noite. Fomos
Teresina”. E então eu procurei ver com na Jacob Veículos, da Mercedes Benz, para Pedreiras. Chegamos lá bem
minha família na Paraíba, naquele tempo aqui na beira do rio Parnaíba, na época, duas horas da manhã. Ele tinha essas
não tinha telefone e tal, e soube que o comprei mais um caminhão, só que passagens dele.
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