Page 30 - Revista O Sucesso (533)

Conversando sobre
Seu João

Entrevista

LIANA FERRAZ

Desembargadora

“Pra Seu João não tinha obstáculo

que não pudesse ser transposto.”

Douglas Machado atenção a maneira como ele se por- coisa do Nordeste, do homem sim-
Eu começo com a mesma per- tava. Muito simples, muito curioso, ples, do cancioneiro, do vaqueiro. E
gunta. Qual a primeira memória sempre perguntava tudo. E notei eu também, em uma certa medida,
que a senhora tem de João Clau- aquela característica da vivacida- gosto muito também. A gente tinha
dino Fernandes? Qual foi sua pri- de, do empreendedorismo daquele uma afinidade, de gostar muito des-
meira impressão sobre ele? homem. Aquilo me chamou muito sas coisas. Então, eu sempre tive
a atenção. Foi um encontro rápido. como hobby, e tenho até hoje, um
Liana Ferraz Ele me fez muitas perguntas. Mui- pequeno sítio, onde eu crio minhas
Que eu me recorde, a primeira to curioso, como é que funcionava ovelhas, os meus bodes, e gosto da
vez que eu vi Seu João Claudino isso, como acontecia aquilo, e tive- coisa da agricultura, da terra. E ele
foi numa cerimônia de posse de juiz mos aquele encontro formal, naque- também tinha esse gosto. Então,
classista há muitos anos. Não pos- le primeiro momento, mas ao mes- quando tinha as feiras agropecuá-
so precisar bem há quantos anos. mo tempo informal, pela conversa rias aqui, a nossa EXPOAPI (Expo-
E que ele teria ido assistir à posse que tivemos. Que eu me recordo, sição Agropecuária do Piauí), Seu
desse amigo, e eu trabalhava como essa foi a primeira oportunidade em João estava sempre por lá e ali a
juíza substituta à época. E tive a que eu conheci o Seu João. gente conversava, ele encontrava
oportunidade de estar presente no os criadores. Nos leilões, ele estava
momento. E quando terminou, me E como a sua percepção de por ali. Ele sempre incentivou muito,
apresentaram a ele, e tivemos uma João Claudino Fernandes foi mu- me parece, os cordelistas, a cultura
conversa rápida, mas que me cha- dando ao longo do tempo? popular. Ele é um homem que gos-
mou muito a atenção, pela humil- Ele me parece que era uma tava disso. E acho que essa parte
dade, pela simplicidade da pessoa. pessoa que embora tenha cresci- da personalidade dele coincidia
Eu sempre tinha ouvido falar no em- do muito, do ponto de vista pesso- muito com aquilo que eu também
presário João Claudino, um homem al e profissional, ele nunca esque- sou, de gostar dessas coisas. En-
de muitas posses, de muitos empre- ceu das raízes. Então, ele era um tão, para além da questão profissio-
endimentos, e me chamou muito a homem que gostava muito dessa nal, que nós éramos muito distan-

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