Page 39 - Revista O Sucesso (544)
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Conversando sobre
Seu João
não. Mas ela está zangada. me convidar pra ser padrinho do ca- No dia 23 de março de 2020, eu liguei
Vamos lá”. Quando a gente chegou, samento!”. E aí eu falei: “Não acredi- para o Dr. Júnior pedindo pra ver tio
quando eu subi a escada, tia Socorro to, está lendo minha mente agora?” João porque sabia que ele estava no
já estava lá em cima. “- Menino, você Isso me marcou demais porque ele hospital. Dr. Júnior falou: “- Ricardo, vá
está...” “- Opa...” (tio João interrom- previu o que ia fazer ali. Então, era lá dia 24 de manhã, chegue de manhã,
peu) “- O menino estava aprendendo uma capacidade. Não sei se ele lia cedo. Umas 8h eu estarei no hospital e
a fazer queijo!!! Mandou botar o al- no olhar das pessoas, eu não sei. você chega lá.” Tudo bem. Sete horas,
moço logo, umas onze e vinte, pra eu eu cheguei lá. Quando eu cheguei, que
almoçar, pra forrar o estômago, ela Ele tinha uma rapidez em conhecer eu entrei, ele estava deitado, com os
querendo saber das coisas durante as pessoas e antecipar os aconte- equipamentos ligados, estava Alayde
o almoço e ele, “- Muito importante, cimentos. Sobre a terceira história, (ALAYDE CHRISTINE DE MACÊDO
na casa do queijo”. Ele me deu toda sei que se trata de um momento CLAUDINO, FILHA DE SEU JOÃO) lá
a defesa, o suporte. Nesse dia, subi, sensível a nós todos. dentro, ela disse: “- Oi, Ricardo, papai
dormi, só fui descer na segunda-fei- Essa vai ser a mais marcante. Fazia está aqui, ele está dormindo, mas ele
ra, de manhã cedo, para voltar para um tempo que eu não via o tio João, está ouvindo tudo”. Falei assim: Você
o trabalho. Quando desço seis horas desde a pandemia, e eu sabia o quan- me permite ficar um tempinho com ele?
da manhã, tia Socorro já estava me to o isolamento dele estava maltra- Um tempinho sozinho com ele? E ela:
esperando lá, e aí foi uma conversa tando. Eu tinha ido lá em São Paulo “- Permito”. É meu momento de agra-
boa. Mas, olha, isso nunca me sai da após ele fazer a cirurgia do coração. decer. Fiquei no lado do leito que ele
cabeça, a parceria neste sentido que Eu liguei para o Dr. Clarindo (CLA- estava deitado, segurei a mão dele e
Seu João dava o suporte que você RINDO VERAS, MÉDICO E AMIGO falei: “Tio, quem está aqui é Ricardo,
precisava, ele era esse homem para DA FAMÍLIA), que estava fazendo o seu sobrinho”, aí ele apertou a mão.
todas as horas. Todas as horas que acompanhamento de Seu João lá O grande segredo é saber se aquele
você precisasse dele, ele estava lá. em São Paulo. “Dr. Clarindo, me dê aperto era que ele estava ouvindo ou
notícias de tio João”. Ele falou assim: era um espasmo natural da medicação.
Com uma rapidez impressionante, “Baiano, eu estou indo pra São Paulo Eu tenho a minha convicção. Eu falei:
ele conhecia a índole das pessoas. cinco horas da tarde” – eu liguei pra “Tio, quero dizer para o senhor...” (RI-
E se mantinha ao lado. ele meio-dia – vou passar o fim de se- CARDO SE EMOCIONA NESTE MO-
Ele conhecia a índole. Essa é uma mana lá, bora? Eu falei, bora! Vou tirar MENTO) Eu falei tudo que eu precisava
história que me marcou porque re- minha passagem agora. Quando eu falar, de agradecimento. E ele apertou
almente eu nunca imaginei que ele cheguei lá, Dr. Júnior (JOÃO CLAU- minha mão em determinado momento.
fosse ser esse parceiro naquele mo- DINO FERNANDES JÚNIOR, FILHO E eu pude dizer, graças a Deus, o quão
mento, e ali eu tirei o chapéu. DO SEU JOÃO) tomou até um susto. admirável aquele homem foi pra mim,
Dr. Clarindo falou: “- Júnior, olha quem como referência, como símbolo de ho-
A preocupação de não deixar você eu trouxe aqui”. Quando eu entrei no mem, de cidadão. Eu tive, na minha ca-
dirigir o carro... quarto que o tio João estava, ele já beça, a clareza de que ele ouviu tudo o
A preocupação, de uma maneira mui- tinha feito a cirurgia e estava acorda- que eu falei. E eu me despedi de uma
to tranquila, muito suave. Isso ensina do. Ele abriu um sorriso muito grande, grande referência que tive na minha
a gente a olhar e a retribuir isso com eu dei um abraço, dei um beijo nele, vida, e eu agradeço por isso porque ele
outras pessoas. É um ensinamento. e foi bom, foi muito bom, foi muito sabe o quanto de gratidão, não só eu,
feliz esse momento. E aí estava lá mas todos da família que ele ajudou.
E sobre a segunda história... o Dr. Júnior, o Dr. Clarindo, estava Meu pai, minha mãe, meu irmão. Eu
É o seguinte: quando eu planejei eu, e aí não tinha outra, a gente fez tive a oportunidade de agradecer tudo
me casar, eu fui falar pra ele. É uma uma mesinha de baralho ali no quar- o que ele fez pela gente.
história bem breve, mas que me to mesmo. Ficamos jogando baralho
chamou a atenção. Não tinha fala- umas duas horas de duração, e ele Certamente foi ele quem respondeu
do pra ninguém, teve o noivado, tia gostou demais, foi muito bom. Dr. Eu acredito nisso porque a sintonia do
Socorro participou do meu noivado, João Marcello (JOÃO MARCELLO que falava e das respostas eram cau-
mas quando eu fui me casar, depois DE MACÊDO CLAUDINO, FILHO sa e consequência. Mas foi muito triste
de tanto tempo do noivado, eu fui lá DO SEU JOÃO) também estava. porque a gente estava se despedindo
pra falar com ele que iria convidar ele Passamos o fim de semana lá e eu fisicamente de um grande homem.
pra ser o padrinho do casamento. voltei. Depois que eu voltei, e que ele Um homem que sempre gostou de
Quando eu entrei na sala... essa his- voltou foi quando fechou tudo mesmo gente, gostava de gente, sabia fazer
tória só estou contando porque achei por conta da pandemia (COVID-19) e amigos. São as coisas da vida.
incrível... quando entrei na sala, ele aí ele ficou isolado, e eu querendo sa-
olhou pra mim e falou assim: “- Veio ber notícias e, enfim, não tinha como.
Informativo Circulação Interna 39 O SUCESSO I Julho 2024
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